Capa do Livro |
No posfácio, Stephen King nos
conta que começou a escrever essa historia em 1972 mas parou quando percebeu a
quantidade excruciante de pesquisa que teria de fazer para compor seu romance.
Ainda que quase quarenta anos depois o que ele nos entrega é um trabalho de
pesquisa histórico e de dar nota 10+ sobre a vida e obra de Lee Oswald e família,
e amigos (suspeitos amigos).
Em Novembro de 63 somos
arrebatados no tempo junto com Jacob Epping, viajando 53 anos no passado (do
não tão passado 2011 – ano em que se passa o presente do livro), diretamente
para 1958 em uma calma e fedorenta manhã de Setembro – Ai você me pergunta:
Mas... como assim?
Isso mesmo. A Toca de Coelho,
como Jacke a chama, abre uma passagem de 2011 para 1958. E não espere nada de
ficção maluca por aqui: Cientistas criando fendas no tempo para mudar o
destino da humanidade: Haha, nada disso. A passagem é ao acaso, descoberta por
um despretensioso cozinheiro e apresentada ao nosso protagonista que é
professor de inglês.
Os dois amigos planejam usar a
passagem para um bem maior, impedir o assassinato de Kenedy e evitar que os
Estados Unidos entrem de cabeça no Vietnã anos depois, evitando a morte de
milhares de soldados e alterando o rumo da historia como a conhecemos para
melhor, bem melhor talvez.
O feito é grande. O livro nos
leva a pesquisar também. Entramos nos google e queremos saber qual a cara de
Lee Oswald (o homem que deu o tiro), queremos saber como se parecia sua adorável
porem sonsa mulher Marina Oswald. Queremos conhecer as teorias da conspiração e
entender tudo que aconteceu antes e depois daquele fatídico 21 de Novembro de
1963.
Casalzinho lindo: Lee e Marina Oswald. |
Mas Thiago, você disse que a fenda no tempo levada para 1958 –
Disse e dou fé.
Quatro anos tem que se passar até
que o grande dia chegue. E é nesse tempo, muitas vezes reiniciado, que King constrói
uma trama incrível, passando ate mesmo por Derry nos primeiros capítulos, nos
encantando com como a vida era simples sem internet e outras coisas modernas.
Jacke e seu pseudônimo no passado George Amberson precisa se aproximar de Lee
Oswald e ter certeza de que o rapaz será o autor do assassinato do presidente
Kenedy para poder intervir: Isso mesmo, com todas as teorias da conspiração que
existem, eles também não sabem se foi Lee o autor dos disparos. E essa Janela
de Incerteza – como Al (o cozinheiro) se refere a ela – é o que move a trama
principal.
Lee Oswald e a sua foto que certamente viraria um meme se fosse nessa década. |
Lee por outro lado não é o
Antagonista. O passado sim. O passado é obstinado e não quer ser mudado. Tentar
alterar o passado o faz agir em defesa, como anticorpos defendendo o organismo
de infecções, o passado vai fazer de tudo para não ser alterado, seja com uma
árvore caindo aqui ou um motor explodindo ali, sem contar as harmonias odiosas:
a forma como as coisas se repetem bizarramente.
Com reviravoltas e um final que
me surpreendeu sim – eu esperava outra coisa – Novembro de 63 começa muito bem.
Mas passar quatro anos no passado parece chato, e em muitos pontos os livro se
torna difícil de ler, mas tem viagem no tempo + conspiração + Stephen King, então tinha a
obrigação de ir até o fim: Que volta a ficar bom quando é a hora do vamos ver.
No geral, a ideia é muito interessante, meio empurrado as vezes, mas com passagens que por si só valem o livro
inteiro. Nostalgia estar de novo em Derry e rever, mesmo que por poucas linhas,
personagens tão queridos como Bevie, Rickie e até mesmo o sussurro da Coisa
espreitando pela cidade em 1958. Adoro rever essas épocas e como as coisas eram
baratas nos Estados Unidos – a arma que matou JFK custou coisa de U$20 dólares
se não me engano.
Observação: King poderia
apresentar a personagem Sadie ao Ex-Fumantes S.A. A menina parece uma maquina
louca de destruir cigarros.
Esse livro foi adaptado para uma serie, a qual eu não assisti!
Nota 3,5 na escala King (3,5 de 5)