segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Novembro de 63 - Ao meu ver.

Capa do Livro

No posfácio, Stephen King nos conta que começou a escrever essa historia em 1972 mas parou quando percebeu a quantidade excruciante de pesquisa que teria de fazer para compor seu romance. Ainda que quase quarenta anos depois o que ele nos entrega é um trabalho de pesquisa histórico e de dar nota 10+ sobre a vida e obra de Lee Oswald e família, e amigos (suspeitos amigos).

Em Novembro de 63 somos arrebatados no tempo junto com Jacob Epping, viajando 53 anos no passado (do não tão passado 2011 – ano em que se passa o presente do livro), diretamente para 1958 em uma calma e fedorenta manhã de Setembro – Ai você me pergunta: Mas... como assim?

Isso mesmo. A Toca de Coelho, como Jacke a chama, abre uma passagem de 2011 para 1958. E não espere nada de ficção maluca por aqui: Cientistas criando fendas no tempo para mudar o destino da humanidade: Haha, nada disso. A passagem é ao acaso, descoberta por um despretensioso cozinheiro e apresentada ao nosso protagonista que é professor de inglês.

Os dois amigos planejam usar a passagem para um bem maior, impedir o assassinato de Kenedy e evitar que os Estados Unidos entrem de cabeça no Vietnã anos depois, evitando a morte de milhares de soldados e alterando o rumo da historia como a conhecemos para melhor, bem melhor talvez.

O feito é grande. O livro nos leva a pesquisar também. Entramos nos google e queremos saber qual a cara de Lee Oswald (o homem que deu o tiro), queremos saber como se parecia sua adorável porem sonsa mulher Marina Oswald. Queremos conhecer as teorias da conspiração e entender tudo que aconteceu antes e depois daquele fatídico 21 de Novembro de 1963.
Casalzinho lindo: Lee e Marina Oswald.


Mas Thiago, você disse que a fenda no tempo levada para 1958 – Disse e dou fé.

Quatro anos tem que se passar até que o grande dia chegue. E é nesse tempo, muitas vezes reiniciado, que King constrói uma trama incrível, passando ate mesmo por Derry nos primeiros capítulos, nos encantando com como a vida era simples sem internet e outras coisas modernas. Jacke e seu pseudônimo no passado George Amberson precisa se aproximar de Lee Oswald e ter certeza de que o rapaz será o autor do assassinato do presidente Kenedy para poder intervir: Isso mesmo, com todas as teorias da conspiração que existem, eles também não sabem se foi Lee o autor dos disparos. E essa Janela de Incerteza – como Al (o cozinheiro) se refere a ela – é o que move a trama principal.
Lee Oswald e a sua foto que certamente
viraria um meme se fosse nessa década.

Lee por outro lado não é o Antagonista. O passado sim. O passado é obstinado e não quer ser mudado. Tentar alterar o passado o faz agir em defesa, como anticorpos defendendo o organismo de infecções, o passado vai fazer de tudo para não ser alterado, seja com uma árvore caindo aqui ou um motor explodindo ali, sem contar as harmonias odiosas: a forma como as coisas se repetem bizarramente.
Com reviravoltas e um final que me surpreendeu sim – eu esperava outra coisa – Novembro de 63 começa muito bem. Mas passar quatro anos no passado parece chato, e em muitos pontos os livro se torna difícil de ler, mas tem viagem no tempo + conspiração + Stephen King, então tinha a obrigação de ir até o fim: Que volta a ficar bom quando é a hora do vamos ver.

No geral, a ideia é muito interessante, meio empurrado as vezes, mas com passagens que por si só valem o livro inteiro. Nostalgia estar de novo em Derry e rever, mesmo que por poucas linhas, personagens tão queridos como Bevie, Rickie e até mesmo o sussurro da Coisa espreitando pela cidade em 1958. Adoro rever essas épocas e como as coisas eram baratas nos Estados Unidos – a arma que matou JFK custou coisa de U$20 dólares se não me engano.

Observação: King poderia apresentar a personagem Sadie ao Ex-Fumantes S.A. A menina parece uma maquina louca de destruir cigarros.

Esse livro foi adaptado para uma serie, a qual eu não assisti!

Nota 3,5 na escala King (3,5 de 5)